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  • Foto do escritorESF Núcleo Natal

Entrevista com os Sem Fronteiras: A vida em quarentena

Vivendo uma situação tão adversa nas nossas vidas, tão diferente de tudo que conhecemos, nossa rotina não poderia continuar a mesma.

Propusemos um questionário de três ou quatro perguntas para diferentes membros do ESF Natal para conhecer diferentes perspectivas sobre a vida durante a quarentena:

O que tem feito para aproveitar o tempo e como está se mantendo nesse momento?

“Nessas 24 horas disponíveis, estou tentando organizar a minha rotina com base em metas diárias a serem alcançadas que quase sempre eu não conseguia cumprir integralmente antes da quarentena. Por exemplo, me policio para dormir as 8 horas diárias, trabalhar somente durante 8 h, dedicar uma hora do dia para treinar, outra para estudar, ler, cozinhar, entre outros. Alguns dias eu consigo cumprir todas e outros, não. E entendo que isso também é normal, mas o importante é se manter ativo numa rotina para ter a sensação de pertencimento a uma causa, e não de desconsolo e apatia frente ao que estamos enfrentando atualmente.”

“Apesar de estar longe das pessoas que eu amo, tento me cuidar fisicamente e mentalmente para voltar bem ao Brasil. Tento me manter ativo e produtivo (mesmo sabendo que haverá dias que não serão assim), além de manter contato diário com minha família e amigos através de vídeo chamadas e mentalizando sempre dias melhores.”

O que tem feito para se proteger e proteger quem está próximo?

“É impossível não ser um pouco paranoico aqui na Espanha, especialmente porque é o país com o segundo maior número de infectados em todo o mundo. Então, sempre que saio de casa para ir ao supermercado, tento manter o distanciamento de outras pessoas, uso máscara e faço toda a desinfecção ao chegar (desde as roupas até os alimentos do supermercado). É um processo muito demorado, mas extremamente necessário. Por quê? Divido apartamento com uma amiga, também do Brasil, e preciso preservar tanto a minha saúde quanto a dela. Caso a gente contraia o vírus e os sintomas sejam muito acentuados, sabemos como é difícil a situação atual dos hospitais daqui e o quão difícil será para gente lidar com a reclusão total, especialmente em outro país. Então, toda vez que eu falo com os meus familiares e amigos do Brasil, peço sempre para eles pecarem pelo excesso de cuidados.”

Qual seu sentimento diante da situação? Você está se sentindo ansioso(a)/angustiado(a) com o futuro?

“O sentimento é de impotência. No início dessa pandemia eu fiquei bastante ansioso para saber quando voltaríamos a ter a nossa vida normal, mas confesso que hoje estou bem mais convicto de que a saída dessa situação será gradual e que não teremos mais a realidade de antes até surgir uma vacina para imunizar todo o mundo. Isso me angustia um pouco, mas preciso aceitar essa nova realidade de quarentenas periódicas, possível revezamento presencial no trabalho, distanciamento social e hábitos higiênico-sanitários bem mais rigorosos dentro e fora de casa.”

Queria que, se possível, você falasse como está sendo onde você está, dando uma perspectiva de fora do Brasil.

“Mesmo com um tempo equivalente de reclusão, a Espanha adotou medidas mais duras do que o Brasil desde o início. O lockdown começou assim que a quarentena foi instaurada pelo governo. Desde então as pessoas não podiam estar nas ruas sem uma justificativa plausível, caso contrário seriam multadas com valores relativamente altos. Então, quando eu ia ao supermercado sempre tinha a impressão de que as ruas eram aqueles cenários dos filmes pós apocalípticos que a gente acompanha nos filmes e séries. Os resultados dessas medidas estão sendo observadas agora. Estamos nos encaminhando aqui para a terceira semana de um relaxamento gradual dividido em 4 fases, com fim previsto para final de junho (relaxamento total). Enquanto isso, algumas regiões do Brasil estão começando somente agora a instaurar o lockdown para tentar frear o número de contagiados. Me preocupa muito as próximas semanas no Brasil e peço a todos que se cuidem e, para os que podem, fiquem em casa se protegendo e protegendo aqueles que ama. Vamos juntos passar por isso!”


O que tem feito para aproveitar o tempo e como está se mantendo nesse momento?

“Tenho medicado mais a hobbies, como testar receitas. Além disso consigo ajudar bem mais nas tarefas de casa. Para tentar não ficar no tédio tento mudar os horários das atividades que faço diariamente e sempre fazer algo diferente, por exemplo, fazer atividades da pesquisa em dias alternados.”

O que tem feito para se proteger e proteger quem está próximo?

“Ficar em casa, principalmente, além do uso de máscaras e lavar sempre as mãos. Além disso, minha família do interior sente muito a minha falta e da minha família que mora aqui, porque nunca passamos tanto tempo sem ir lá e tentamos compensar isso ligando mais vezes etc.”

Qual seu sentimento diante da situação? Você está se sentindo ansioso(a)/angustiado(a) com o futuro?

“Durante toda essa situação sinto um misto de sentimentos não tão bons levado, principalmente pelo medo de perder alguém próximo, além disso sobre a incerteza do mercado que põe em ameaça a situação financeira da minha família.”


O que tem feito para aproveitar o tempo e como está se mantendo nesse momento?

“Eu passei por algumas fases durante esse período, nos primeiros dias fiquei sem fazer absolutamente nada, só dormindo, comendo e assistindo filmes. Depois entrei em uma onda de querer fazer tudo de uma vez, comecei a me exercitar todos os dias, a fazer várias receitas de comidas, estudar os conteúdos das matérias que pago, a fazer minicursos online, ler livros, a aprender coisas que sempre tive vontade. Mas agora eu meio que perdi o gás. Continuo fazendo algumas coisas, poucas e devagar, cozinhando, dormindo muito, assistindo filmes e séries, fazendo algumas do centro acadêmico.”

O que tem feito para se proteger e proteger quem está próximo?

“Procuro está sempre informada sobre a situação, estou em isolamento. Divulgar informações importantes para minha família e os orientar.”

Qual seu sentimento diante da situação? Você está se sentindo ansioso(a)/angustiado(a) com o futuro?

“Eu me sinto bastante ansiosa sobre o futuro. E como o país está lidando com a situação é desesperador, revoltante e cada vez mais me deixa sem esperanças.”

Queria que, se possível, você falasse como está sendo onde você está, dando uma perspectiva do seu interior.

“Na minha cidade tem um caso confirmado e outros suspeitos. As pessoas estão parcialmente respeitando o isolamento, ainda tem alguns estabelecimentos não essenciais funcionando e com aglomeração. Em outros é obrigatório o uso de máscara, a entrega controlada de pessoas e disponibilizam álcool em gel.”


O que tem feito para aproveitar o tempo e como está se mantendo nesse momento?

“Durante a pandemia infelizmente não estou em completo isolamento social. Curso Engenharia Biomédica e tenho estágio na área, portanto sigo trabalhando. Estar no estágio nesse momento está sendo positivo para mim, pois além de me manter ocupada durante este momento estou tendo a oportunidade de contribuir com os profissionais que assim como eu estão nas ruas desenvolvendo seu trabalho para ajudar a comunidade. Então basicamente o que eu tenho feito é trabalhar, visto que a empresa que eu trabalho focou sua produção no desenvolvimento de dispositivos auxiliares de proteção, principalmente para os profissionais de saúde, então estamos com a demanda aumentada. Mas nos tempinhos livres eu procuro organizar minha casa, cuidar da minha cachorrinha, cozinhar coisas diferentes e cuidar um pouquinho de mim também.”

O que tem feito para se proteger e proteger quem está próximo?

“Pelo laboratório da M3DIC estar dentro de um hospital as atenções foram redobradas para proteger a todos. Então no trabalho eu uso os EPIs básicos como jaleco, máscara e luvas, sempre lavando as mãos higienizando as bancas e materiais com álcool 70%. Além do mais eu evito sair ao máximo, basicamente de casa para o trabalho e do trabalho para casa, com exceção de algumas idas ao supermercado. E todas as vezes que saio vou de máscara e levo meu álcool e sabão, caso precise. Em casa busco deixar sempre tudo higienizado, lavo tudo que chega da rua e lavo as mãos e tomo banho todas as vezes que saio do apartamento, mesmo que eu só tenha descido com o lixo.”

Qual seu sentimento diante da situação? Você está se sentindo ansioso(a)/angustiado(a) com o futuro?

“Eu particularmente estou evitando ver jornal e muitas informações sobre a situação da pandemia para controlar minha ansiedade. Moro sozinha, estou longe da minha família e estou trabalhando. Essa foi a forma que encontrei para me manter menos ansiosa por estar saindo de casa e para me manter positiva no trabalho que desenvolvo. Mas as vezes vejo alguma notícia, até mesmo porque não podemos no alienar completamente, e eu fico triste e receosa com os rumos que a pandemia está tomando no nosso país. E eu temo que as coisas por aqui demorem muito tempo para melhorar o que no meu caso significa passar mais tempo ainda sozinha e sem poder ir para casa.”

Se possível, gostaria que você falasse sobre a participação da ONG na produção de máscaras etc.

“De uma forma geral eu estou bem diante de tudo que está acontecendo e estar ajudando o próximo renova minha fé. Tive a oportunidade de unir o trabalho do estágio ao trabalho desenvolvido no Engenheiros sem Fronteiras - Núcleo Natal. Coordeno o Projeto Recomeçar no qual temos parceria com o Projeto Million Waves Brasil e com o Centro de Reabilitação Infantil e Adulto do Rio Grande do Norte (CRI/CRA), e no estágio para a confecção dos protetores faciais do tipo face shield estávamos precisando de mais uma impressora para suprir a demanda. Dessa forma, entrei em contato com a Alana, da Million Waves Brasil e ela topou emprestar a impressora e reverter a parte da produção dela em doações. Os primeiros beneficiados dessa parceria foi o CRI/CRA. Novas doações estão sendo viabilizadas e provavelmente serão destinadas aos moradores em condição de rua e para projetos que estão fazendo ações durante a pandemia.”



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